sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Ocupa ESTADUAL - SAMPA

E aé!!!

Muita mobilização é a cena. Escolas ocupadas, juventude resistindo e o governo perdendo cada vez mais credibilidade (demorô). O Estado de São Paulo vem implementando o verdadeiro genocídio.

Seja por aumentar os impostos, ou por aumentar o silenciamento e o sofrimento do povo negro nas periferias com o militarismo arcaico do século XX, fomentado por doutrinas penais não diferentemente ultrapassadas.
Muito há de ser realizado pelas gerações pois nada mudará sem o enfrentamento. Devemos lutar pela verdadeira liberdade, que 13 de maio nunca chegou perto. Pelo viés da educação, e não apenas do emprego temporário, mas do trabalho dignificante, com remuneração e benefícios além de progressões constantes.

Muita garra aos estudantes das escolas ocupadas, que devem sempre ficar ligados nas estratégias que eles usam para nos encurralar. Um salve pra toda quebrada ajudar com alimentos não perecíveis nas escolas ocupadas da periferia!
Agora que tamo ligado da corrupção do lado de lá da ponte, temos um momento de formular nossas estratégias econômicas para a liberdade do povo negro.
Esta visão nada se encontra com o liberalismo, mas sim do empoderamento do povo negro enquanto etnia. Cientes que somos 60% da população Brasileira e que geramos R$ 50 milhões de reais por ano, essa grana não pode só ser desviada para contas no exterior. Deve sim ser usada para nosso povo, pobre e preto da periferia. Alias, só existe periferia por omissão dos mesmos que nos prendem, matam e cobram taxas estatais. Tanto o governo quanto a sociedade civil deve ao povo negro e esta divida aumenta diariamente, com escolas precarizadas, serviços básicos de saneamento e urbanismo e a destinação de orçamentos 

Hoje, homens constroem as prisões que provavelmente serão habitadas por seus parentes. E as mães negras sofrem com cada um dos 84 jovens negros mortos no Brasil diariamente por arma de fogo. 

Ontem, a manifestação nos proporcionou momentos de alegria e glória enquanto escancarávamos na sociedade paulistana a angústia que passamos diariamente fora dos "limites brancos".

Não podemos nos esquecer que estes limites são impostos pelos domínios deles. 

Posso citar uma infinidade de chacinas como a dos oito corinthianos mortos por um grupo de extermínio em 19 de abril ou dos outros 23 que ocorreram em Osasco e Carapucuíba.

Outro braço que estrangula a juventude é o sistema prisional. Nossos manos estão se misturando com o crime e nada positivo sai deste sistema. A negritude de uma vez por todas sacou que deve se unir pela causa, deixando de lado a baixa-auto estima e ocupar mesmo todas as instituições com nossa virtude ancestral, sem desvincular as formas autônomas de circular a grana, através do trabalho culturalmente herdado, como as trançadeiras.

"O POVO PRETO UNIDO É POVO PRETIO FORTE, O NEGRO NÃO TEME A LUTA, O NEGRO NÃO TEME A MORTE."

Enfim a negritude da periferia está ligada nas correntes que os oprimem.

A popularidade do sistema psdb-trem-metro-rodovias está fadado ao fracasso e essa realidade se aproxima.
Devemos cada vez mais fortalecer as iniciativas pró-negro e pró-nergra, principalmente.

"POLÍCIA RACISTA, ALKMIN FASCISTA"

"SEM HIPOCRISIA, A PM MATA PRETO TODO DIA!!!!!!!'
"111 TIROS!!! E SE FOSSE SEU FILHO?"
      E SE FOSSE SEU FILHO............
   E SE FOSSE SEU FILHO????"

Com muita esperança, esse post vai pros FILHOS QUE AINDA NÃO TIVE...




domingo, 15 de novembro de 2015

O que é Nosso não é deles

Sobre o recente ataque terrorista ocorrido na França, me despertaram dois sentimentos: repulsa e esperança.


Repulsa pela forma com que a mídia burguesa demonstrou consternação, solidariedade exacerbada, comoção (e lágrimas!). Assistindo a um canal de TV aberta, me parecia uma notícia sobre um ente familiar da apresentadora que havia sido assassinado "por trombadinhas no Rio de Janeiro por facadas". Que horror. Quanta falsidade. Eles depositam diariamente a tal síndrome de vira-lata em nosso povo, que já está condicionado a ter como verdade absoluta o que os jornais proferem.

É incrível o poder do PIG em manipular as situações, para um lado. Não podemos deixar de perceber que a imprensa golpista age em harmonia com os interesses do capital internacional, obviamente. Ou estaria fadada ao isolamento regional. Os atentados ocorridos na região central de Paris, França são como um bulmerangue que voltou. O governo francês está provando do ódio que ele mesmo cria ao proibir o uso cultural da burka em seu território, como um exemplo menor. 

"Não tenham medo, eu chamo isso de liberdade de expressão"
O povo da França, pelo meio menos saboroso está sentindo a expressão do terror em seu país, assim como os povos africanos do Sudão, Togo, Camarões, Costa do Marfim, Haiti.... Entre outros muitos também sofreram com a invasão colonial. E sofrem com a política econômica adotada hoje pela União Européia, que não investe em indústria de base, mas ainda vende armas e estimula as guerras civis.

Senti esperança, pois na rede social muitas pessoas apontaram esta seletividade da comoção, ponderando a tragédia (que não foi acidente) em Mariana, pela morte da fauna e da flora do Rio Doce, pelos prejuízos que os moradores ribeirinhos terão que arcar, com todas as cidades à margem deste rio.... É necessário que estejamos alerta para não sermos inocentes úteis para essa máquina alienante chamada capitalismo. 

Tragédia em Mariana - MG

Nossos mortos não são melhores que os deles, mas não podemos nos preocupar com o que está lá longe se não sabemos nem como está nosso vizinho! Solidariedade sim, aos 83 jovens negros assassinados diariamente no MEU país. Estas crianças e adolescentes alvo do projeto genocida que prima por apagar a Negra construção brasileira, e toda riqueza cultural, técnica e científica que nosso povo tem fornecido.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Negra construção Brasileira

Na África, antes do século XV, havia muitos reinos (Iorubás, na região da Costa do Marfim, Congoleses, Etíope...), tribos e grupos negros. Existiam muitas etnias e culturas. Com certeza, alguns de nossos antepassados eram reis, rainhas, princesas... Guardadas as devidas proporções, podemos dizer que a qualidade sócio-cultural que eles tinham era até maior do que a que conseguimos ter atualmente, visto temos sido historicamente marginalizados, assassinados e excluídos desta sociedade (que ironicamente possui mais de 60% de sua população parda ou negra!)
Contextualizando a Europa, iniciamos pela conquista Moura da Península ibérica iniciando no ano de 711, quando tropas muçulmanas vindas do Norte de África, cruzaram o mar Mediterrâneo, na altura do estreito de Gibraltar, e entraram na península Ibérica vencendo o rei da Hispânia. Os povos que habitavam esta região foram dominados e boa parte fugiu para as Astúrias uma região no norte da Península. O Islamismo é uma religião fundada por Maomé em na cidade de Meca, na região (Islã significa submissão à vontade de deus) e o Alcorão significa recitação, é a palavra de Deus. O povo mulçumano ocupou e prosperou nestas terras, difundindo suas culturas, culinárias, hábitos (e genes, pois houve relações sexuais com as mulheres que ali habitavam antes da invasão). Foi exatamente o antagonismo religioso um dos principais motivos da luta para a expulsão dos mouros, por parte dos antigos habitantes, cristãos.  Houve um movimento chamado de Reconquista, e foi um dos fatores mais decisivos para a unificação e criação do Estado-Nacional de Portugal (1143). Finalmente, em 1492 (ou seja quase 800 anos de domínio negro sobre os reinos Ibéricos), os Reis Católicos conquistaram o Reino de Granada e expulsaram os últimos mouros da península.
A Europa passava por um momento de crise e escasses de recursos naturais, pois já eram mais mais de 2 mil anos retirando recursos da natureza, como madeira, ouro e agricultura. Necessitavam expandir o mercado, e então com o advento das Grandes Navegações, os portugueses “conheceram realmente” o mundo. Inicialmente, os portugueses fizeram o , périplo africano, que foi a navegação pelo contorno do continente, construindo entrepostos comerciais e estabelecendo contato com os povos nativos. Em outras viagens encontraram a Índia, onde tomaram contato com especiarias raras na europa, como pimenta, gengibre, cravo, canela, noz moscada, açafrão, cardamomo e ervas aromáticas. Então os portugueses comerciavam com os povos da índia e obtinham um lucro tremendo quando se vendiam as especiarias em Portugal e na Europa (pois simplesmente eram muito raras).
Em uma das viagens para a Índia, Pedro Álvares Cabral errou o caminho e veio parar... No Brasil! O contato com os indígenas (chamam índios porque os espertos portugueses achavam que estavam na Índia!) foi no sentido de tentar “humanizar” obrigando-lhes a serem cristãos, pois os portugueses achavam que não eram seres humanos. Houve uma grande exploração do litoral do Brasil.
Os portugueses já tinham uma experiência prévia de cultivo de açúcar em ilhas atlânticas: Ilha da Madeira e Cabo Verde. O clima e o solo contribuíram no Brasil para implantar essa cultura. Na Europa, o açúcar, assim como as especiarias era muito escasso (tanto que as rainhas ganhavam saquinhos de açúcar como presente de aniversário!). Era um produto muito valioso. Inicialmente, tentou-se escravizar os índios. Notaram-se basicamente tres posturas: o enfrentamento até a morte, por terem em suas culturas a valorização da combatividade, o adentramento das matas, para evitarem o contato com o homem branco ou a submissão. Os colonizadores sentiram elevada dificuldade em escravizar os índios, então foram até a região de Guiné, Angola, Congo e Moçambique (onde os portugueses  já estavam exercendo maior incisão militar e ‘diplomática’ com os reis das tribos dominantes). É bom explicar, nesse ponto que na história da humanidade sempre existiu escravidão, veja a Grécia antiga, o império romano, tribos asiáticas e mesmo nas africanas. Era o símbolo de dominação entre culturas e somente isso. Num momento uma tribo era dominada, porém num próximo momento ela seria dominadora. Entretanto, a escravidão no Brasil iniciou-se como o extremo da mercantilização, o negro era uma mercadoria, uma coisa, simplesmente uma engrenagem do processo produtivo. O negro não era dono nem de si mesmo. Esta ideologia se arrasta até os dias atuais, porém de forma cada vez mais sutil. A escravidão no Brasil baseou-se na cor da pele.
 O perfil do português que era mandado para o Brasil eram ex-detentos, homens sem família e geralmente com poucos recursos financeiros. Vinham para o Brasil com a mentalidade de um colonizador de exploração: “Vou para essa colônia, exploro o máximo que eu puder e depois de rico, volto para minha terra” Pensamento este totalmente diferente do presente na colonização dos Estados Unidos, que seria a colônia que os refugiados das perseguições religiosas e políticas iriam ter que viver, prosperar e morrer naquela terra.  Os negros que os portugueses arrancavam de suas terras eram em sua maioria homens e adultos. Vinham em condições extremamente desumanas, amarrados nos porões dos  chamados navios negreiros, apenas comiam uma mistura de farinha, água e sal. Pela falta de vitamina C, os negros se acometiam de inúmeras doenças, como gengivite, cólera, escorbuto e varíola, além de uma infinidade de distúrbios gastrointestinais e verminoses. Os negros eram tratados pior que animais. Chegando ao Brasil, os portugueses separavam negros vindos de uma origem comum para que se dificultasse a comunicação entre eles e uma possível rebelião.
As condições de trabalho simplesmente não existiam. Chegando aos engenhos de açúcar, trabalhavam do nascer ao pôr do sol.  As poucas mulheres negras que vinham ao Brasil, em sua maioria trabalhavam na casa grande, onde os senhores de engenho ficavam. Elas eram corriqueiramente abusadas sexualmente e eram quem fazia a comida e amamentavam os filhos dos senhores de engenho. Uma das cenas mais conhecidas, sobre os castigos corporais, é esta do Tronco, que por sinal, era em praça pública. Os senhores obrigavam um negro a ser responsável por chicotear um irmão de cor. As feridas geralmente para enfatizar a tortura, eram lavadas com vinagre e pimenta. Os trabalhadores das senzalas eram dominados fisicamente, como citado a cima e mais a máscara de flandres e grilhões e psicologicamente - sentiam banzo (saudade da terra natal), a ideologia de serem inferiores, algumas mães preferiam matar seus filhos a os verem eles crescerem como escravizados.
Com o avanço do tempo, havia uma clara dicotomização na sociedade brasileira: os que trabalhavam – negros- e os que se deleitavam com o fruto deste trabalho – os brancos.
Os focos de resistência contra esta exploração surgem na forma de Quilombos. Eram sociedades auto-suficientes no interior de matas fechadas, composta majoritariamente por negros que conseguiram fugir, brancos pobres e índios. O quilombo mais expressivo e símbolo da resistência negra é o Quilombo dos Palmares, localizado ao leste do estado de Alagoas, possuía 336,838 km²; Estima-se que, em 1671, sua população tenha sido algo em torno de 20 mil habitantes. Os habitantes construíam armadilhas no perímetro do Quilombo para impedir a penetração de invasores. A principal cultura era o milho, mas também eram plantados feijão, banana, batata-doce, mandioca e cana-de-açúcar. Devida a fama desta resistência, houve a mitificação do local. O domínio do local e o assassinato do líder Zumbi se tornaram o principal alvo da coroa portuguesa, que oferecia elevadas recompensas a quem o fizesse.
Neste momento estavam acontecendo as demarcações dos territórios do Brasil, protagonizados pelos bandeirantes paulistas. Estes tinham três principais áreas de atuação: captura de índios para serem escravizados na região de São Vicente (atual São Paulo) e destruição de quilombos, demarcação das fronteiras brasileiras - com bandeiras, assim interiorizando a colonização e monções que era a interiorização feita pelos rios, para participarem do comércio do Rio da Prata. Os bandeirantes realmente foram muito importantes no sentido de expandir o território do Brasil e descobrirem as Minas Gerais, porém a sua atuação foi marcada pela extrema violência e desrespeito à integridade de culturas diversas à portuguesa.
O bandeirante que foi responsável pela destruição do Quilombo dos Palmares e pela captura de seu líder, Zumbi, foi Domingo Jorge Velho. O ataque ocorreu em dois momentos, inicialmente em 1692, o exército do bandeirante foi derrotado, depois em 1694 com maior numero e poder bélico, os negros do Quilombo foram assassinados e Zumbi foi capturado.
Outra manifestação de resistência das comunidades negras foi a criação da dança chamada Capoeira. Dança era como os negros apresentavam para os senhores de engenho, pois estes não podiam saber que na realidade se tratava de uma luta. Luta esta que auxiliou os negros na luta de classe e raça vivida nas senzalas do nordeste quando se revoltavam ou fugiam para os quilombos. Esta luta foi criada no Brasil, com influência e ritmo dos tambores africanos.
O século XVIII do Brasil foi marcado pela mineração na região de Minas Gerais. Houve uma diferenciação da sociedade açucareira, predominante no litoral brasileiro marcada pela estratificação social (mudança social quase nula) com mão de obra escrava, e a sociedade mineradora com relativa mobilidade social, mão de obra livre, presente na região central da colônia. Estas disparidades, conjuntamente com as elevadas taxas de impostos realizados pela coroa portuguesa fomentaram o desgosto das elites (sobretaxadas) com relação à metrópole. O mundo estava num contexto de rompimento com a nobreza e fortalecimento das burguesias – vide Revolução Francesa, Independência dos Estados Unidos. As camadas médias e altas estavam insatisfeitas com o arrocho colonial de impostos sobre a riqueza produzida internamente. Houveram revoltas protagonizadas pelas elites locais, com alguma participação popular (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana (1789). Ambas tinham caráter emancipatório. Foram reprimidas.
As guerras napoleônicas (1799-1815) foram essenciais para o rumo que o Brasil tomou nos anos adiantes. As tropas do general Napoleão Bonaparte já estavam marchando rumo a Portugal e a família real fugiu para o Brasil. O que encontraram em sua capital – Rio de Janeiro – foi um local extremamente atrasado, em relação à metrópole, sem universidade, pois os filhos dos senhores iam estudar na Europa, sem hospitais e com moradias precarizadas. A família real realizou reformas estruturais na capital, o que melhorou um pouco a situação da colônia. Houve muitas divergências administrativas entre portugueses e brasileiros (os que não se sentiam portugueses) e em 1822, Dom Pedro I proclama a Independência do Brasil. Este movimento foi organizado por uma parcela ínfima da população, de fato, para os negros, mulatos, mulheres, índios e pobres nada havia mudado. Continuando a história de marginalização desta população.
No período do reinado (1822-1889) o Brasil vivenciou inúmeras situações de guerra civil, com caráter popular, como a Cabanagem (1835-1840) que teve como protagonistas cabanos (=favelados... índios, negros, mestiços...) esta revolta visava maior autonomia na escolha de representantes no estado do Pará. Como de costume, a coroa utilizou de extrema violência para reprimir o movimento; 25% da população envolvida foi brutalmente assassinada. A revolta mais emblemática e simbólica do período foi a Revolta dos Malês (1835), na Bahia. Foi composta essencialmente por escravos alfabetizados de origem islâmica. O movimento que contou com 22 mil escravos visava uma República Islâmica... O levante durou três dias e a guarda nacional o reprimiu barbaramente. A Balaiada (1838-41) foi um movimento de Balaios (=peões, negros, artesãos e quilombolas) visando autonomia e extermínio da miséria no Maranhão foi enfraquecido pelo banditismo. Houve levantes também de classes médias e altas contra a coroa (Farroupilha, Sabinada). O que podemos ver como característica deste período é a elevada preocupação com a burocracia interna do reinado e em contrapartida a insatisfação generalizada da população média e baixa do território por estarem em situação de miséria (Alguma relação com a atualidade¿). Um traço característico das revoltas iniciadas pelas elites, é que quando estas ganham adesão popular (com medo do povo virar contra elas), “mudam de lado” e passam para a repressão (guarda nacional e exército).
A política externa do Império teve como caráter o alinhamento com a Grã-Bretanha, devido a sua dependência econômica. Houve alguns atritos, como a questão do tráfico negreiro, alguns impostos que governo impôs e questões diplomáticas. A guerra platina, financiada pela Inglaterra, veio para manter a dependência econômica do Brasil e das novas nações independentes da America Latina. As independências foram apenas formais, porém materialmente a dependência foi transferida da península ibérica para as ilhas britânicas. Continentalmente, o Brasil assumiu uma postura imperialista, desejando intervir nas guerras platinas. Na Guerra do Paraguai (1864-70) os negros que se “voluntariassem” (pois na verdade eram inscritos compulsoriamente) para as guerras receberiam sua liberdade, mas na verdade sabemos que esta liberdade viria apenas para os mortos. E do outro lado da guerra eram enviadas tropas compostas por indígenas - Guaranis. Vejam a o caráter ardiloso dos países em obrigar os dominados a participar de lutas que nem eram deles. Enviar os dois grupos para se matarem, literalmente. Era uma política euro-planejada de extermínio das populações negras e indígenas.
Durante o século XIX, muitos países aboliram a escravidão, sendo o Brasil o último independente da América a aboli-la. O governo estava acordado com a aristocracia rural e não podia ferir seus interesses, pois era um dos últimos setores da sociedade que ainda sustentava a monarquia. Devido às pressões da Inglaterra, o Brasil promulgou uma série de leis protelatórias de caráter paliativo; as famosas leis “pra inglês ver”. A primeira foi a Lei Feijó (1831), que preconizava a proibição do tráfico negreiro. Não saiu do papel. O governo da Inglaterra ficou muito irritado com a postura do Brasil e em 1845 promulgou o “Bill Aberdeen” que em ultima análise significava “Navio negreiro é navio inimigo”. Muitos navios foram aprisionados ou até afundados. Em 1850 o Brasil faz a Lei Eusébio de Queiroz, que prescreve o fim do tráfico de escravos. Mesmo encerrando a reposição da mão de obra, os escravos ainda presentes no território brasileiro continuam a trabalhar incansavelmente nos engenhos. O governo, ainda sofrendo pressões inglesas faz mais duas leis protelatórias: a Lei do Ventre Livre, que tornava livre qualquer filho ou filha de escrava (porém apenas aos 8 anos - Como um menino ou menina iria ser livre se sua mãe era escrava¿) e a Lei dos Sexagenários, que tornava livre todo homem ou mulher com 60 anos ou mais. É obvio que era ínfima a parcela de trabalhadores que, trabalhando de sol-a-sol, todos os dias da semana, recebendo uma alimentação muito precária conseguiria atingir tal idade. Eram leis bizarras, apenas com o objetivo de dizer que estavam sendo feitas leis para progressivamente acabar com este câncer que acometeu a sociedade brasileira por tantos anos.
Para agravar a situação dos negros libertos, em 1850, o Império promulgou a Lei de Terras, na qual todas as terras devolutas (desocupadas) pertenciam ao Estado; este passou a vender as terras. Começou um mercado de terras. Esta lei dificultou o acesso às terras para os homens livres pobres – negros, índios, brancos, mestiços e imigrantes. (Enquanto isso, nos EUA em 1862, cria-se o Homesead act, que foi o marco da reforma agrária deste país. Serviu de estímulo à imigração e à produção. Esta lei garantia a propriedade da terra para qualquer homem que produzisse gêneros agrícolas por cinco  anos em um lote de 162 acres.)
A campanha abolicionista foi liderada por setores das camadas médias, influenciadas pelo liberalismo na década de 1880, a maior campanha no período Imperial. Houve massiva adesão popular, por exemplo, no Ceará os jangadeiros protagonizaram a luta e em 1885, aboliu-se a escravidão neste estado. Logo com a efervescência da luta, as denúncias se materializaram em jornais abolicionistas, que denunciavam os maus tratos. Surgiram abolicionistas radicais, como os Caifazes em São Paulo - Raul Pompéia era simpatizante. Multiplicavam-se os casos de escravos se revoltando e fugindo. A maioria dos fazendeiros não usava mais escravos, impulsionados pelo uso da mão de obra imigrante.
Entre 1873 e 1896 o líder messiânico, pardo, Antônio Vicente Mendes Maciel – Antônio Conselheiro realiza suas pregações à população miserável do sertão principalmente entre aqueles homens saídos dos grilhões da escravidão, sem família, sem lar, sem pão, sem dignidade, sem memória, sem esperança. Antônio Conselheiro era um forte lutador pelo abolicionismo. Prometia-se um futuro próspero, cheio de paz e de liberdade. Funda-se em 1893 a Comunidade Sagrada de Canudos (no sertão da Bahia), onde todos tinham acesso a terra, ao trabalho, podiam descansar e cultivarem suas próprias culturas. Era proibido o álcool e a prostituição. Criaram-se escolas. No biênio de 1896-97 o governo brasileiro realiza três expedições na tentativa de trucidar a comunidade de canudos alegando falsamente pela imprensa que seu líder, Antônio Conselheiro era monarquista. Na quarta e última investida, o governo consegue dizimar a resistência. Contaram-se 5.200 casebres e foram mortas aproximadamente 25 mil pessoas, residentes da comunidade.
Enfim, em 13 de maio de 1888 promulga-se a Lei Áurea extinguindo a escravidão no país. Qual foi o destino dos negros e negras das senzalas¿ Houve alguma indenização¿ Não. Todos foram jogados às ruas, jogados ao próprio azar. Para os negros sobraram as favelas, as prisões e os manicômios. As mulheres ainda conseguiam algum trabalho nas casas, como o trabalho anteriormente realizado; cuidando de crianças e das casas, mas os homens enfrentavam um problema duplo: como a liberdade sempre foi a finalidade dos escravos, muitos não se submetiam às regras da relação patrão-empregado o outro problema foi o da concorrência, nas incipientes cidades indústrias, com o imigrante. Os patrões que raramente contratavam negros eram extremamente intransigentes e logo substituíam a mão de obra pela imigrante. O governo não teve nenhuma preocupação com a inserção e assistência para esta população à sociedade livre e assalariada.
Em 1889, proclama-se a república; novamente com uma pequena camada da população brasileira. Setores militares, a fortalecida burguesia cafeeira e também camadas médias, como jornalistas, médicos, engenheiros e advogados.
A economia Brasileira, por 398 anos foi construída por negros e negras agora se vê em colapso de mão-de-obra. O governo além de suprir este déficit, numa tentativa de “europeizar” o Brasil, fomentou (patrocinando a panfletagem, financiando passagens e doando lotes no Brasil)  a imigração. Vieram portugueses, espanhóis, alemães e italianos em maior proporção e tardiamente japoneses e poloneses. Os países de emigrados estavam em contexto político-social fragilizado, pelas guerras de unificação (Alemanha e Itália), a própria primeira guerra mundial e as conseqüências da Era Meiji, que fomentou o surto urbano-industrial em detrimento das populações rurais, estas emigradas ao Brasil (Japão). Esta política visava embranquecer a população do Brasil, que por tantos anos foi composta por negros e negras. Neste final do século XIX, teorias como o “darwinismo social” e “eugenia” estavam em voga nos ambientes intelectuais e contaminaram o Brasil. Foram a sistematização do racismo que já existia.
O Darwinismo é uma teoria que pressupõe a evolução das espécies, sendo que as mais  adaptadas venceriam no confronto contra as menos adaptadas. Teóricos como Gobineau e Chamberlain mediocremente adaptaram esta teoria biológica para as ciências sociais criando o “Darwinismo social”. Foram os precursores do nazismo. O governo brasileiro embebido destes pensamentos estimulou o embranquecimento da população. A imigração não era considerada somente um meio de suprir a mão-de-obra necessária na lavoura, ou de colonizar o território nacional coberto por matas virgens, mas também com meio de "melhorar" a população brasileira pelo aumento da quantidade de europeus. Refletindo o ideal citado, João Batista de Lacerda, diretor do Museu Nacional, e único latino-americano a apresentar um relatório no I Congresso Universal de Raças, em Londres, no ano de 1911, chegou a afirmar que: no Brasil já se viram filhos de métis apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca.... Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismo(...) mas a influência da seleção sexual (...) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(...) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio. Percebemos que a miscigenação foi um artifício fatídico que foi utilizado contra os afro-brasileiros, no sentido de promover a sua eliminação fenotípica do contexto brasileiro.
Então com a receptividade aos imigrantes, oferecendo-lhes uma extensa variedade de trabalho, tanto no campo em lavouras, como nas cidades industriais, a população negra e mestiça foi forçada a ocupar serviços de segunda e terceira categoria, quando disponíveis. Esta disparidade provém da criação da colônia com a situação escravocrata e se arrasta por todo o Império. Na emergência de uma república que se dizia liberal, vemos os mesmos quadros se repetindo e se agravando, pois agora os negros e negras não tem acesso à terra, à alimentação, são alvos de toda e qualquer repressão policial deliberada.
Em 1910, ocorreu a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro, liderada pelo Almirante negro João Candido. As principais reivindicações era o fim dos castigos físicos (chibatada), melhora na qualidade da alimentação e redução das jornadas de trabalho.  Os marujos dominaram navios e prometeram bombardear a cidade do Rio de Janeiro se não fossem atendidos. O governo cedeu às reivindicações, porém enviou os marinheiros que participaram da revolta para hospícios e prisões. Um dos presidentes da república velha (1889-1930), Washington Luís proclamou em um de seus discursos “A Questão Social é caso de polícia”. Este explicitou a política de criminalização dos movimentos sociais que sempre existiu e vem, infelizmente, até hoje.
Em 1933, o antropólogo Gilberto Freyre publica a obra “Casa Grande e Senzala” que tem por objetivo demonstrar a inclusão do mulato na sociedade colonial, afirmando a escassez de mulheres brancas e a suposta aceitação da negra como alvo de reprodução e satisfação dos desejos sexuais do português. Estas teorias lusotropicalistas foram matrizes da criação do Mito da Democracia Racial. A democracia racial é um mito, pois por inúmeros estudos e contra-argumentações comprova-se o racismo, em instâncias públicas e privadas. Todas as provas denunciadas pelos negros e mestiços não corroboram com tal mito. Segundo Clóvis Moura, Gilberto Freyre caracterizou a escravidão no Brasil como composta de senhores bons e escravos submissos. O mito do bom senhor de Freyre é uma tentativa no sentido de interpretar as contradições do escravismo como simples episódio sem importância, e que não teria o poder de desfazer a harmonia entre exploradores e explorados durante aquele período.
“No período pós-abolição, os libertos, os ex-escravos e seus descendentes eram geralmente representados de forma negativa pelos jornais da grande imprensa. O espaço reservado nesses jornais para abordar os problemas, eventos, feitos e sonhos da comunidade negra era praticamente inexistente. Por outro lado, havia uma intensa publicação de jornais voltados para públicos específicos, como os do movimento operário e os das colônias de imigrantes estrangeiros. Foi nesse contexto de agitada imprensa alternativa que nasceram os jornais produzidos por negros e voltados para a luta em defesa de suas questões, chamados, em seu conjunto, de “imprensa negra”. Tratava-se de uma rede de comunicação, expressão cultural, articulação de idéias e reivindicação política de um segmento sem voz ou visibilidade na sociedade brasileira.” “Em São Paulo surgiram, entre outros, os periódicos A Pátria (1889), O Alfinete (1918), O Kosmos (1922), Tribuna Negra (1928) e Progresso (1928). No Rio Grande do Sul apareceram O Exemplo (1892), na cidade de Porto Alegre; A Cruzada (1905), em Pelotas, e A Revolta (1925), em Bagé, entre outros.” “Entre 1889 a 1930, é possível dividir a história da imprensa negra em duas fases. Na primeira, os jornais enfatizavam a divulgação da vida social – festas, aniversários, batizados, noivados, casamentos e falecimentos – dos homens e mulheres da comunidade negra. Na década de 1920 inaugurou-se uma segunda fase, marcada por reivindicações de caráter político.” “Os negros que produziam os jornais eram provenientes das camadas inferiores e intermediárias da estrutura de classes: funcionários públicos subalternos, profissionais liberais, técnicos de nível médio, artesãos, operários etc.”
Parte da imprensa negra criticava a cultura negra como não-civilizada e bárbara. Não se sentiam africanos, e sim brasileiros. Este foi um erro na construção de identidade dos negros da época. É necessário sim nós termos bem marcadas nossas origens para sabermos quais traços nos definem, nos unem. “Aos poucos foi gerada uma nova palavra de ordem: a “segunda abolição” – ou seja, uma revolução dentro da ordem instituída capaz de assegurar a igualdade de oportunidades para negros e brancos na sociedade brasileira.” Exemplo das lutas por direitos civis protagonizadas por Matin Luther King e a senhora Rosa Parks.
“Foram esses jornais que fizeram as primeiras denúncias públicas do “preconceito de cor” que grassava em várias cidades do país no início da República, impedindo o negro de ingressar ou freqüentar determinados hotéis, clubes, cinemas, teatros, restaurantes, orfanatos, estabelecimentos comerciais, religiosos, algumas escolas, ruas e praças públicas. O mais interessante é que muitas dessas denúncias ocorreram numa época em que o consenso geral da opinião pública era de que negro não tinha problema e que, no Brasil, não havia preconceito ou discriminação raciais.” Vemos quão importante foi o papel da imprensa negra no período pós-abolição no sentido de unir a comunidade e denunciar preconceitos e racismos ainda existentes.
De um destes jornais, ‘A Voz da Raça’ surgiu a Frente Negra Brasileira (FNB), liderada e centralizada por Arlindo Veiga dos Santos. Este grupo de negros tinha como objetivo elevar moralmente os negros na sociedade paulistana, auxiliando a inserir-lhes em mais espaços sociais e de poder. Arlindo era, infelizmente, um negro de direita e no jornal mencionado, no início da capa vinha escrito ‘Deus, Pátria, Raça e Família’; uma clara alusão ao Integralismo. Dentro da FNB existiam inúmeras divergências à estas posições, porém como era um dos únicos espaços de congregação negra, as ideologias se disseminavam internamente. Em 1936 a FNB tornou-se um partido político com abrangência nacional. Entretanto, com o enrijecer da ditadura Vargas, em 1937 foi decretado o fechamento de todos os partidos políticos e a FNB também foi fechada, em 1938. Até a redemocratização, em 1945, os grupos políticos negros foram desmobilizados.
Com a criação do Estado Novo de Vargas, começou o que se pode chamar de quebra-quebra dentro das roças e sítios e nos terreiros de umbanda e candomblé, uma perseguição implacável aos chefes e adeptos, que se enquadravam como psiquiatricamente doente. Reiteradamente percebemos a política de perseguição à culturas e pessoas de matriz africana. O negro consegue dificilmente a liberdade formal, mas ainda luta pela material, pela igualdade, pelo respeito da sua condição humana. Existem também pesquisas feitas sobre a admissão à junta militar do governo Vargas, e existia o critério “cor”, que sumariamente desclassificava o candidato. Este é apenas um traço da institucionalização do racismo. Este estudo também mostra a desclassificação de candidatos judeus e filhos de imigrantes. Sabe-se que o governo Vargas tinha empatia política com o fascismo caboclo: o integralismo.
Após a derrota de Hitler na Alemanha nazista, o mundo passou por um momento de profunda crítica a governos totalitários e Vargas, perspicaz, renunciou ao cargo de Presidente. Como foi um grande populista (soube lidar com as elites e com os trabalhadores, conciliando o conflito da luta de classes), a população clamou por seu retorno através da manobra continuísta de seu partido com o “Queremismo” = Queremos Vargas de volta, Vargas foi deposto em 1945 pelos mesmos militares golpistas de 1937.
Houve, neste contexto um grande movimento intelectual para estudar as relações de raça em diversos lugares do mundo. No Brasil, os teóricos notadamente destacados foram Roger Bastide e Florestan Fernandes, tendo seus financiados pela UNESCO e pela Universidade de São Paulo realizaram um estudo minucioso na obra “Brancos e Negros em São Paulo” revisando o histórico da população negra nesta cidade, desde a abolição até o presente da publicação da obra (1955).  São expostos dados empíricos de segregação, seja nos passeios públicos realizados nas ruas do centro os footings ou o racismo institucionalizado como nas ofertas de emprego, que os candidatos necessitariam passar por um critério muito subjetivo: ter “boa aparência”. Em outra obra de Florestán Fernades, “O negro no mundo dos brancos” ele expõe que formalmente os negros e brancos são iguais, mas as práticas das elites continuam segregacionistas e racistas o autor aponta também a necessidade de união negra na luta e a solidariedade dos brancos com os negros na luta pela efetiva igualdade e respeito.
No campo do movimento negro podemos destacar a rearticulação, a partir da década de 1950, os movimentos sociais negros iniciam um lento ciclo de rearticulação, cujo marco é a fundação em São Paulo, em Dezembro de 1954, da Associação Cultural do Negro (ACN). Surgida como um movimento de reivindicação ideológica, a ACN não se descuidou da assistência aos membros, montando departamentos de Cultura, Esporte, Estudantil, Feminino e até mesmo uma Comissão de Recreação. A organização foi reprimida na época da ditadura civil-militar se manteve inativa. Em 1977 ela reabriu mas sem, segundo Moura, o seu “ethos original”.
A ditadura publicizou muito a ideologia da suposta democracia racial. Os que pregassem no sentido de que existia o racismo era taxado de “anti-patriota” e era violentamente reprimido. Em 1975 foi criado o Instituto de Pesquisa e Cultura Negra (IPCN) no Rio de Janeiro, porém teve problemas de auto-financiamento nos anos 80 e teve que encerrar as atividades.
O movimento negro, enquanto proposta política, só ressurgiria realmente em 7 de Julho de 1978, quando um ato público organizado em São Paulo contra a discriminação sofrida por quatro jovens negros no Clube de Regatas Tietê, deu origem ao Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU). A data, posteriormente, ficaria conhecida como o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo.
No tocante à ideologia que os grandes veículos de comunicação nos impõe, podemos destacar a quase ausência de negros em papel de destaque, em novelas, filmes e afins, destacamos a omissão no papel do negro na constituição da nação. Sempre nos são veiculadas informações do ponto de vista do invasor. Quando aparecem, são relegados os papeis de empregado, pobre, doméstica, pedreiro..... enquanto os trabalhos intelectuais são legados aos brancos. Devemos denunciar e lutar pelo rompimento desses padrões, pois só contribuem para a redução da auto-estima da população negra marginalizada.
                “Se antes nós saíamos da senzala para trabalhar na casa grande, agora saímos das cidades-dormitório e vamos pra Av. Paulista trabalhar. A Av. Paulista é a emancipação da casa-grande” Férrez, escritor em (http://www.youtube.com/watch?v=uY8CchpbpZM, 7:23).
Atualmente, as lutas dos negros tem avançado num sentido positivo, tendo em vista o reconhecimento de muitos institutos e universidades federais, adotando a política de cotas; alé de sociais, as raciais. A sociedade brasileira tem que assumir que são 511 anos de exploração da população negra e mestiça e compreender que as políticas afirmativas não são um fim, mas um meio de tentar equilibrar as disparidades historicamente  construídas, em momentos financiadas pelo próprio governo brasileiro, em outros pela iniciativa privada. O Mapa da Violência deste ano (2011) indica quadro trágico de extermínio da população jovem e negra. A polícia deve exterminar o ideal de “inimigo do estado” que todos sabemos serem negros, pobres, favelados.
No ano de 2003 o presidente Luis Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 10.639, que institui a obrigatoriedade das escolas ensinarem á história e a cultura afro-brasileira, porém vemos enorme resistência de professores e dificuldades metodológicas na efetivação desta lei. Em 20 de julho de 2010 o mesmo presidente, sanciona a Lei nº 12.288 que se refere ao Estatuto da Igualdade Racial. O problema deste estatuto é que apenas prescreve, mas não pune exemplarmente. Devemos lutar por mais conquistas e maior efetividade de quadros já conquistados. Nós negros devemos nos unir para que possamos ganhar mais espaço na sociedade (mas não como vem acontecendo: negros ascendem individualmente e se esquecem de sua origem) devemos lutar para conseguirmos conquistas para a sociedade negra como um tudo, de forma horizontal.

Texto construído em 21 e 22 de Agosto de 2011
Róbson Gil Farias Oliveira, Negro.

Referências
PARAFITA, Alexandre. A Mitologia dos Mouros. Porto: Gailivro, 2006
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/especiarias.htm
http://historia-pitagoras.blogspot.com/
FERNANDES, Florestán. O negro no mundo dos brancos
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u36.jhtm
TORAL, André Amaral de. A participação dos negros escravos na Guerra do Paraguai
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-era-a-vida-no-quilombo-dos-palmares
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fim-da-escravidao/fim-da-escravidao.php
http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/datas_hist.aspx?cod=432
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p 152
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/eugenia7.htm
http://josegivaldo.blogspot.com/2010/08/memoria-de-antonio-conselheiro-em.html
MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil.
RODRIGUES, Fernando. Indesejáveis: Paco Editorial
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/consciencia-de-cor
Fonte:www.terrabrasileira.net
História do Negro Brasileiro / Clóvis Moura – São Paulo: Editora Ática S.A., 1992
http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2645,1.shl
http://www.brasilescola.com/historiab/apogeu-acucar.htm
http://cotidianonahistoria.blogspot.com/2010/05/cenas-do-do-cotidiano-escravo-no-brasil.html
Galeano, Eduardo. As Veias Abertas da América LAtina: tradução de Galeano de Freitas, Rio de Janeiro, Paz e Terra
Documentário BBC - Racismo, uma história
http://www.tiosam.org/enciclopedia/index.asp?q=Democracia_racial
HANCHARD, Michael George. 'Orfeu e o poder: o movimento negro no Rio de Janeiro e São Paulo (1945-1988)'. Rio de Janeiro: Eduerj, 2001. ISBN 8575110020
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. Editora Record, Rio de Janeiro, 1998, cap. IV, 34ª edição, pág. 33
VALENTE, Ana Lúcia E. F. Ser negro no Brasil de hoje. São Paulo: Moderna.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Direita na atualidade

No passado, os grupos de direita se assumiam como tal, e podemos ver historicamente as atrocidades que foram realizadas em torno de um ideal comum entre superioridade social e racial, sempre em nome do progresso. Os grupos de esquerda eram covardemente perseguidos, visto sua desarticulação e fragilidade. Em períodos mais distantes da atualidade, o que víamos era um discurso realmente coerente com a prática. Eram elitistas, racistas, capitalistas selvagens, porém assumiam isto e agiam de acordo com estas doutrinas.

Com o passar dos anos, tivemos a facilidade da veiculação de informações, propiciada pela 3ª Revolução Industrial (Informática e telecomunicações), aumento da escolaridade da população pobre e oprimida, com isto os massacres à movimentos sociais e estudantis tem sido (mesmo que com deturpações) explicitados à sociedade. Os pioneiros da direita perceberam que tendo a população informada, não conseguiriam domá-la com aquele discurso ultrapassado, e então começaram a realizar transformações nestes, a fim de convencer e persuadir a população (a mesma que faz movimentos sociais) que não são conservadores e que os elegendo, vão trazer benefícios ao povo oprimido. Os políticos agora vão às comunidades, dizendo que gostam destas pessoas, abraçam trabalhadores, beijam bebês (e depois tomam banho com álcool pra não se contaminarem); ganham seus votos, são eleitos e, encastelados em seus gabinetes, mandam reprimir e matar esta mesma população. Vemos agora o discurso destoando violentamente da prática.

Não apenas os políticos, mas toda a corja hipócrita que os circundam, reivindicam sustentabilidade, justiça social, acesso à saúde, educação, moradia, igualdade racial....... Utilizam-se de todo o vocabulário politicamente correto, mas em seu âmbito privado vemos a completa negação desta falácia. Estão usando carros importados (quando em seus discursos valorizam a industria nacional) blindados (com medo da violência que a polícia deve reprimir), que poluem muitíssimo com gasolina (dizendo que vão investir em energia limpa), vão aos seus hospitais de primeira linha, usando seu plano de saúde premium (dizendo que o sistema público de saúde nunca esteve tão bom), após contar uma piada racista ou homofóbica e deixarem seus filhinhos em uma escola particular. Toda a hipocrisia está circulando na elite política e econômica e estas contradições vão explodir como explodiram em outros momentos da história. O que falta são pessoas divulgando estas praticas diárias.

Este é o quadro da direita na atualidade. Tem um discurso demagogo e hipócrita. Age de acordo com toda a força elitista do passado, salvo algumas mínimas concessões, mas agora utiliza o discurso –e não mais a força- a fim de se manterem no poder.

Tenham um bom dia; hehe

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quem cala consente


Vou descrever uma situação genérica.. Vc quer alterar algum plano de serviço contratado, e a forma de contato com a empresa é ‘A Central Telefônica’. Nossa! Vcs ja sabem da enrrolação, da falácia, da demora... E, nós estamos pagando por essa incompetência!!  Agora, quem é o incompetente? A moçinha ou o cara que não pode estudar e encontrou essa forma de segurar as pontas? Pode ser, mas acredito que a ineficiência é da empresa, pois ela quer assegurar o seu volumoso lucro no final do mês e o refém (consumidor)... que se vire para ter o seu contrato garantido, esperando minutos em vão para ser atendido e se irritando com aquelas mensagens gravadas "Se você deseja falar com um de nossos representantes em 12 minutos, tecle 5" Shit!
O fantasma neoliberal defendeu a redução do Estado à mero regulador dos serviços prestados, então a partir da péssima qualidade de atendimento das empresas, nós consumidores temos que recorrer às agências reguladoras...... E o problema que era pequeno vai tomando enormes proporções e nos desgasta à toa.
Existe certo comodismo/ignorância (leia-se falta de instrução e não ofensa) em nossa sociedade. Comodismo porque há a maldita mentalidade de colônia de exploração, em que "no Brasil nada funciona", "Ah, brasileiro é  ignorante (agora sim como ofensa)" ... Assim como Max Weber estudou, em seu idealismo histórico, podemos relacionar o pensamento vigente em uma nação ao sucesso de sua base sócio-econômica; é a famosa Lei da Atração - o que se pede, se tem! Este comodismo vem da descrença de que "NO BRASIL VAI dar certo!". A ignorância remonta a falta de consciência de parte da população em relação aos seus direitos! Eu acho que estes deveriam ser democratizados, sendo implantados no ensino Fundamental e Médio de todas as escolas, e também deveria haver postos públicos de consulta; afinal porque restringir este conhecimento apenas à quem faz faculdade? (tudo bem, para exercer a profissão precisaria dela)...
...
 Pense comigo na Teoria da Conspiração Burguesa (TCB):
Há uma sociedade, regida por um livrinho especial, composta por classes dominantes (poder político e econômico) e classes dominadas, que votam e trabalham .... Se coloque como classe dominante: "Se eu fizer reformas para a melhora da qualidade da educação, o povo vai ter consciência de seu poder de massa, sendo assim, eles vão perceber que eu os exploro e que eu tenho privilgios e, logo, irão me tirar da minha gaiola de ouro! Não! Não quero perder meus privilégios, deixe o povo com a educação publica, e nós do Governo não investimos nela. Para meu filho eu pago escola particular. Isso! Hauauahahhau!!!".
Eu considero essa praxis a privatização do Direito! O mesmo ocorre com as Leis, com os contratos.
... Got it? ;)
O passo fundamental para se reivindicar algo é saber o que já é seu garantido pela Lei e ir em busca disso!
Assim como a mudança da sociedade, acho que o protesto também tem dois caminhos: um é requerer o que está na lei, mas o Estado não provê, seja qual for o motivo, e o outro é pedir algo a mais do que a lei lhe confere, mas sempre tendo em vista a Vontade Geral!
A burguesia brasileira tem um defeito ideologico-conceitual que lhe serve como vantagem ao seu acumulo de mais-valia: Influenciados por uma mentalidade escravocrata, eles não admitem o principio de igualdade que os verdadeiros b. consolidaram na famosa ‘Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789’, portanto não respeitam as greves e nem as reivindicações por melhoras trabalhistas, mantendo constante ou até reduzindo os salários pagos. Esta pratica com certeza desestimula o trabalhador a se empenhar ao máximo em seu trabalho, e só contribui para o continuísmo de uma sociedade com reduzida mobilidade social.
“Aqui, contudo, o pensamento burguês depara com uma barreira intransponível, posto que seu ponto de partida e seu objetivo são sempre, mesmo de modo inconsciente, a apologia da ordem de coisas existente ou, pelo menos, a demonstração de sua imutabilidade. (...) E esta afirmação é válida para todas as tentativas do pensamento burguês por assenhorear-se, pelo pensamento, do processo histórico.” (Lukács, Georg. in Consciência de Classe, 1920).
Podemos entender que os burgueses desejam mesmo serem detentores da história, para poderem impedir a criação de um espírito transformador (visto já muitas vezes na História), a fim de manter a ordem vigente (TCB).




O burguês por excelência é o empresário, industrial, comerciante que REJEITOU OS PRIVILÉGIOS da nobreza, no fim do século XVIII, e foi buscar princípios jurídicos de Igualdade entre os homens. Posto que da época citada até os dias atuais o que vale são os capitais e não mais a herança familiar, nem "títulos", a nobreza de toga brasileira (constrói sua identidade a partir de seus bens) tem condições de se satisfazer com suas posses mas ainda primam pela Ostentação, por ainda querer mostrar que se diferenciam dos demais, ao passo que para eles, "Para ser é preciso ter".
        Obrigado pela atenção.
           Comentem! =)